logo
EN
HomeConteúdosInsightsNegócios

6 min para ler


CESAR .


Publicado em: 23 de julho de 2020

Negócios


Como se inspirar em casos internacionais relevantes para construir modelos de negócios bem sucedidos

Imagem do artigo Como se inspirar em casos internacionais relevantes para construir modelos de negócios bem sucedidos

Observar e se inspirar no sucesso de empresas internacionais para a criação de modelos de negócios relevantes no Brasil é uma estratégia antiga, porém não tão simples de ser implementada.

É preciso adaptar, criar, escalar e se apropriar de uma ideia antes de trazê-la de outro mercado. Dois empresários brasileiros foram bem sucedidos nessa empreitada: André Siqueira, co-fundador da Resultados Digitais, e Diego Gomes, CEO da Rock Content.

Eles falaram sobre o tema com Nathalie Trutmann, Head of Growth do CESAR, em um painel na edição mais recente do Frontiers Unlocked, do MIT Sloan Review Brasil.

A seguir, leia um compilado com os principais aprendizados da conversa no evento virtual: 

Inspirar para começar  

– Tecnologia, dados e comportamento do consumidor podem ser habilitadores de modelos de negócios, assim como observar modelos já existentes em outro mercado. Contudo, essa prática não é uma invenção do digital.

– A Rock Content surgiu seguindo uma tendência global de Content Marketing (ou Marketing de Conteúdo). À época, ainda não existiam empresas referência no assunto, mas companhias como as indianas Freshworks e Zoho e as norte-americanas Hubspot, Moz e Groove serviram de inspiração pelo modelo de negócio e comunicação transparentes. Hoje com operações no Brasil, México, Estados Unidos e Canadá, aproximadamente 2 mil clientes e 500 funcionários, a Rock Content usou a internet como meio inicial de pesquisa para entender e se aproximar dessas empresas, extraindo as informações essenciais e adaptando sua proposta de valor às necessidades locais. Depois, passou a estreitar as relações por meio de visitas aos Estados Unidos.

– A Resultados Digitais viu a oportunidade de criar um produto que integrasse ferramentas de análise de dados, landing pages e criação de estratégias digitais completas observando a ascensão da Hubspot nos Estados Unidos e entendeu que seria um bom apelo para o mercado brasileiro, desde que existissem adaptações. O primeiro movimento de aprender com os modelos de negócios internacionais que serviam de inspiração veio por meio da internet e de relatos pessoais dos empresários sobre seus desafios para a RD. “Apenas copiar não é algo positivo, mas olhar por esse movimento fornece diretrizes e caminhos”, comenta André Siqueira.

– Ele relata que, com o tempo, a empresa começa a ter vida própria e aprender com a própria experiência e o hábito de acompanhar os passos e transformações de uma organização de outro país deixou de ser para se inspirar, mas para entender os motivos de determinadas decisões e como os caminhos se relacionam.

Como começar a diferenciar os mercados 

– Entender o nível de maturidade de cada mercado em relação ao produto é essencial para projetar os próximos passos a serem dados. Isso é o que destaca André Siqueira, da RD, que se inspirou em empresas norte-americanas, onde a compreensão do público em relação ao seu produto era significativamente maior do que no Brasil, deixando clara a necessidade de investimentos em educação e adequação da comunicação e proposta da empresa para o mercado no primeiro momento.

– A Rock Content percebeu que precisaria desenvolver o próprio modelo de negócios a partir dos seus erros e acertos, porém tomando como base um forte trabalho de benchmarking entre os concorrentes de outros países. Esse estudo deixou claro que a brasileira já estava a frente nos números, o que serviu como combustível para investir ainda mais e iniciar a expansão para o México e América Latina – de onde é proveniente mais de um terço do tráfego da empresa – e, posteriormente, para o mercado norte-americano.

– Toda inovação começa com uma versão mínima viável, mas as categorias e plataformas vão amadurecendo e os parâmetros vão se tornando mais competitivos. “Falamos muito do MVP no contexto de uma empresa nova, mas o conceito de ‘produto mínimo virtuoso’ se encaixa muito bem para empresas mais maduras que estão olhando para inovação. Começar com um produto mínimo viável ajuda a provar que foi gerado valor e impacto para o mercado e crescer a partir daí”, pontuou André.

Leia mais sobre Modelos de Negócios na era digital.

Desafios da internacionalização 

– Para a Rock Content, a internacionalização “tem sido uma experiência desafiadora e muito rica”. Com o processo de expansão de diversas empresas globalmente, o público passa a olhar mais para a qualidade do serviço ou produto entregue e menos para a origem daquela companhia. Sendo assim, as principais diferenças e desafios são culturais, como fazer a organização operar em inglês, da documentação ao dia a dia.

– André Siqueira: “Sempre foi importante falar a língua do cliente. Não o idioma, mas entender o mercado, os exemplos e criar cases locais, criando um relacionamento próximo com o público e stakeholders importantes”.

– Diego Gomes: “Eu encorajo muito empresas a pensar maior e olhar mais para fora. Porque, por exemplo, vender para os Estados Unidos com estruturas de custo do Brasil ainda é um diferencial competitivo. Cada vez mais empresas lutam por talentos globais e a Covid tornou isso ainda mais natural. Todo mundo tem que pensar mais global, remoto e distribuído”.

Educar o mercado é um investimento a longo prazo? 

– A educação a longo prazo é o que forma novos clientes e aumenta o tamanho do mercado. Além de criar autoridade, investir em educação de mercado facilita a venda e faz o cliente olhar menos para o preço e mais para a relação de confiança com a empresa.

– Diego Gomes: “Educação e conteúdo geram preferência. Você gosta da empresa que te ensinou algo antes de tentar te vender alguma coisa. Todas as grandes empresas criaram e ensinaram um novo hábito. A empresa que não se posiciona focada em criar um hábito e educar um mercado pode até ter resultados a curto prazo, mas ela não vai ter diferenciação e preferência”.

Quais habilidades os líderes de marketing devem desenvolver neste momento de crise?

– A empatia, conexão humana e compreensão do cliente eram obrigatórias, mas agora se mostraram ainda mais essenciais. “Boa parte dos erros são por não entender o contexto e o momento do cliente. Não conseguir criar uma mensagem que ressoa de fato e faça sentido para o momento”, diz André Siqueira.

– As relações humanas não perdem com o avanço do digital, elas apenas estão se transformando profundamente. É mais eficiente para as pessoas ter formatos de comunicação assíncronos e “powered by technology”, o que não substitui o contato humano, mas destaca o poder da transformação dos hábitos.


Negócios

,

Talvez você goste também

Imagem Ilustrativa do card Como criar laboratórios de inovação na sua empresa? Saiba como fomentar a cultura da experimentação
Cultura de InovaçãoInovação Corporativa

Como criar laboratórios de inovação na sua empresa? Saiba como fomentar a cultura da experimentação

Leia mais
Imagem Ilustrativa do card Óleo e gás: como dados otimizam a inteligência operacional
ESGIAÓleo e Gás

Óleo e gás: como dados otimizam a inteligência operacional

Leia mais
Dois profissionais utilizam equipamentos e ferramentas em uma atividade prática de tecnologia, usando óculos de proteção.
Educação DigitalInclusão socioprodutivaProjetos educacionais

Aprendizagem Baseada em Projetos (PBL): Como sair do ensino tradicional à construção de soluções reais?

Leia mais
Imagem Ilustrativa do card Mobilidade elétrica: Quais são os principais desafios e tendências para a eletrificação no Brasil?
eletrificaçãoInovação TecnológicaMobilidade

Mobilidade elétrica: Quais são os principais desafios e tendências para a eletrificação no Brasil?

Leia mais