Por Walter Seiffert Simões, Technical Software Manager Educator do CESAR Manaus
Recebi, ao lado da Mestre em Ciência da Computação Márcia de Sá, colega de trabalho no WISL/Motorola em Manaus, um desafio instigante: investigar como automatizar um processo de identificação de falhas na transmissão de mídias entre smartphones e outras telas, como televisores (WISL – Wi-Fi, Sensors, Location).
Tradicionalmente, a Motorola já possuía um protocolo para essa validação, baseado em testes manuais. Um operador humano precisava observar simultaneamente as duas telas (a do smartphone e a da TV) e registrar qualquer diferença visual percebida. O método, no entanto, trazia duas limitações significativas:
- Alguns erros ocorriam em frações de segundo, mais rápido que um piscar de olhos, o que dificultava a captura pelo observador.
- Quando diferentes operadores avaliavam a mesma mídia, os relatórios frequentemente apresentavam divergências.
Com isso, iniciamos uma pesquisa sobre modelos de percepção de similaridade entre vídeos e analisamos como o canal utilizado, no caso, o Wi-Fi, influenciava o conteúdo transmitido. O trabalho resultou em um projeto de inovação para a Motorola e, ao mesmo tempo, em uma investigação científica conduzida por mim e por Márcia.
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Do laboratório à comunidade científica internacional
Sou membro do IEEE (Institute of Electrical and Electronics Engineers) desde 2014, e sempre fui incentivado pelo meu orientador a submeter pesquisas aplicadas ao IEEE ICCE (International Conference on Consumer Electronics), o principal evento global de lançamento de novos protótipos e produtos nas áreas de eletrônica, computação, games, telecomunicações e mobilidade. O ICCE organiza três grandes encontros anuais: em janeiro, em Las Vegas; em setembro, em Berlim; e em novembro, na China.
Entre 2014 e 2020, participei das três edições, mas passei os últimos cinco anos afastado do evento por estar envolvido com outra linha de pesquisa, dentro do meu pós-doutorado em Neuro-Simbólica na Universidade de Munique (Alemanha), na área de HealthCare.
Diante dos resultados alcançados em nossa pesquisa na Motorola, sugeri à Márcia que submetêssemos o trabalho ao ICCE Berlin 2025. Em julho deste ano, recebemos a notícia da aceitação do artigo, intitulado “Qualitative analysis of video streamed from smartphones to TV using SSIM, PSNR and K-Means”.
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Um ecossistema de eventos em Berlim
O ICCE Berlin 2025 ocorreu em paralelo a dois outros encontros relevantes: o IFA (Internationale FunkAusstellung), realizado entre 6 e 9 de setembro, e o IEEE World Technology Summit Automotive Digital Technologies (WTS), no dia 8 de setembro.
No IFA, participei de uma roda de conversa sobre navegação indoor, tema da minha tese de doutorado e atualmente parte de um projeto na Universidade de Stuttgart-Alemanha através do contato com meu co-orientador de doutorado, professor Dr. Nasser Jazdi. Também fui convidado a testar os novos modelos de drones da DJI, maior fabricante mundial desse mercado. Já no WTS, o foco foi em tecnologias digitais aplicadas ao setor automotivo, uma área estratégica para o futuro da mobilidade.
Por que isso importa para o CESAR?
A participação no ICCE Berlin 2025 reforçou o papel do CESAR como instituição que transforma projetos de inovação em pesquisas científicas aplicadas, levando conhecimento desenvolvido no Brasil para a vitrine internacional. Estar presente em eventos dessa relevância amplia conexões com a academia e a indústria, inspira outros pesquisadores do CESAR a internacionalizar suas iniciativas e posiciona o país de forma estratégica em um cenário tecnológico cada vez mais competitivo.
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Walter é pós-Doutor em IA Neuro-Simbólica pelo ICOMP/UFAM e pela Universidade de Munique (2023 – 2025), Doutor (2020) e Mestre (2015) em Ciência da Computação pela UFAM, pós-graduado em Gerenciamento de Projetos pela UGF (2015) e graduado pelo Instituto de Tecnologia de Processamento de Dados da Amazônia (2004). Atualmente é Professor-Pesquisador no CESAR, onde exerce a função de liderança na área de inovação tecnológica. Além disso, é docente na graduação da CESAR School e no mestrado e doutorado de Engenharia de Software da instituição.

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