
Modelo exige o desenvolvimento de uma forte demanda de serviços para que o grande volume permita uma política de precificação que traga vantagens a todas as partes envolvidas
“Para começar a pensar no modelo de plataforma, a primeira coisa a se considerar é a demanda. Se não tiver pessoas interessadas pelo que está sendo oferecido não existe condições de precificar o produto da forma adequada”.
Com essa declaração o Diretor de Canais Indiretos do Gympass, Mateus Xavier, começou a desvendar os segredos do chamado ‘mundo em plataforma’ que foi o tema de encerramento dos trabalhos no segundo dia de atividades do auditório CESAR, na HSM Expo.
Provocado por Giordano Cabral, do CESAR, a responder se o mercado das plataformas é uma briga apenas para cachorros grandes, Xavier explicou que não se trata do tamanho, mas sim da qualidade da oferta.
Ele começou a resposta lembrando que todo cachorro grande já foi pequeno um dia. Desta forma, sua orientação para quem está pensando em empreender neste segmento foi de que o mais importante é saber para quem você vai gerar valor.
“Tendo clareza sobre isso, o passo seguinte é gerar algo tão especial para este público que este mundo conectado se encarregará de desenvolver rapidamente comunidades de usuários numa proporção suficiente para que a plataforma se torne grande muito rapidamente. Temos diversos exemplos disso”, afirmou.
O Head do Waze Carpool na América Latina, Douglas Tokuno, explicou que foi com essa oferta clara de valor que nasceu o Waze. “Queríamos economizar o tempo das pessoas. Hoje temos uma comunidade formada por mais de 130 milhões de usuários com uma empresa composta por apenas 500 pessoas”, disse.
A defesa de uma causa de valor abrangente também está na base da fundação do próprio Gympass. A empresa nasceu com o propósito de combater o sedentarismo.
Sua história começa com a dificuldade de executivos que viajavam muito a trabalho e não encontravam academias nos lugares onde iam para satisfazer o desejo pela atividade física. “A ideia então era centralizar o mercado pulverizado das academias para que através de uma única plataforma fosse possível encontrar o serviço em qualquer localidade”, lembrou Xavier.
O que nos trouxe até aqui não é certeza que vai nos levar para o futuro
Mas foi consenso no debate o conceito de que o sucesso de ontem não garante o mesmo resultado amanhã. Desta forma Tokuno fez uma rápida explicação a respeito da decisão do Waze de mudar o foco de sua atuação de uma plataforma focada em prestar serviço de navegação para um projeto destinado a incentivar o hábito de dar caronas.
“No fundo, o propósito continua sendo o mesmo. Queremos trabalhar para melhorar a mobilidade nas cidades e a qualidade de vida das pessoas”, disse.
“Mas o que nos trouxe até aqui não é certeza que vai nos levar para o futuro”, acrescenta. “Então, contamos com o suporte de pessoas visionárias para identificar oportunidades e isso consegue unir toda a empresa em torno de um novo modelo”, disse.
Segundo ele, hoje entre 60% a 70 % das pessoas que usam carro fazem isso sozinhas. O que leva à necessidade de trabalhar na questão da educação. “Se você está sozinho no seu carro sua posição é de fazer parte do problema do trânsito. Mas se dá carona para alguém, então está do lado da solução”, adverte.
“Queremos que quando alguém fale em carona a reação seja a mesma que as pessoas têm quando se fala em transporte por aplicativos”, revela.
Para isso o Waze já conta com milhões de usuários do aplicativo, tendo que operar na ativação desta carteira. “Estamos fazendo campanhas junto ao RH das empresas e outras iniciativas”, revelou.
Atenção às tendências gera mudanças para atender aos clientes
Este tipo de parceria também impulsionou o crescimento do Gympass. Segundo Xavier, no início da operação a empresa detectou que o percentual de pessoas que fazem exercício físico em estabelecimentos fica em 5% da população empregada. A companhia entendeu que a falta de exercícios também é um problema para as empresas, pois o sedentarismo gera complicações que levam ao absenteísmo, à falta de produtividade e outros prejuízos.
“Desta forma decidimos mudar o foco de nossa operação de um formato B2C para um benefício corporativo que o RH das empresas pode oferecer aos colaboradores. Assim conseguimos alcançar um patamar de 30% da população empregada praticando atividade física”, contou.
O desafio agora é convencer mais e mais pessoas a praticarem atividade física e reforçar o combate ao sedentarismo. “Cada um de nós é um potencial parceiro motivador. Podemos influenciar os amigos ou o mundo corporativo por meio do RH. São formas de investir neste propósito. Se exercício físico fosse uma pílula todo mundo faria, mas mesmo não sendo nós continuamos acreditando em mudar o mundo pela atividade física”, declarou.
O painel foi encerrado com a conclusão do representante do Waze de que seja qual for a proposta de valor, a verdade é que, também no mundo das plataformas, quem não estiver atento às mudanças e tendências e não cuidar de forma correta do cliente conhecerá alguém que fará uma proposta melhor, e ele se transformará em seu maior concorrente.